O feminismo veio atrasado?

Fazendo um auto-julgamento, eu diria que sou mais uma apoiadora do movimento feminista do que uma ativista. Tem mulheres que lutam pela igualdade em diferentes esferas todos os dias. Eu as admiro e estou do lado delas, mas sei que não faço nem metade do que deveria por essa questão tão importante.

Aproveito para esclarecer também que quando se fala de feminismo, é melhor pesquisar e ler um pouco antes de julgar por esteriótipos. É claro que se deve fazer isso em todos os assuntos, mas esse tema é tão maltratado por tanta gente, que faço questão de ressaltar: entenda, depois comente!

Nesse post quero falar sobre o feminismo ao que minhas avós não tiverem acesso. Gosto de conversar com as minhas duas avós e ouvir as histórias que elas tem pra contar, mas algumas me deixam tão triste. Eu estava esses dias com a minha vó Ilda, mãe da minha mãe, no berçário de um hospital. Ela teve quatro filhos entre os anos 50 e 60, e disse que em todas vezes que sabia da gravidez, torcia para ser menino. Perguntei o motivo disso, e ela respondeu que mulher sofre demais. Apesar da torcida, ela teve apenas um homem, e três mulheres. Disse que orava para que as meninas não sofressem tanto. Eu perguntei se ela sentiu a mesma coisa quando as netas nasceram. Ela disse que sim. Eu perguntei se quando eu nasci ela sentiu o mesmo. Ela respondeu “claro”. Ela não frequentou a escola, trabalhou na roça e em fábricas quando se mudou para São Paulo, e depois de casada viveu para os filhos, mas sabia que o mundo era feito para os homens.

A minha outra avó, Maria Santana, desafiou alguns padrões sociais nos anos 70 ao se divorciar do meu avô. Era um bom avô e um bom pai, mas alguns de seus defeitos, a fazia sofrer muito. Ela foi e ainda é uma mulher linda, mas nunca se casou novamente, nem namorou, pois uma mulher cristã e divorciada ficaria mal falada. Além disso, ela tinha duas filhas solteiras na época, e temia não casa-las bem se fosse uma mulher num segundo casamento. Não tenho certeza se ela não se apaixonou novamente, ou se sempre amou meu avô. Só sei que ele foi o único homem da vida dela pois ela não se sentiu no direito de recomeçar.

Não foram só as minhas avós que sofreram a ausência de uma sociedade que se importasse com seus direitos e sentimentos. Foram minhas tias, primas e ainda todas nós. A falta de igualdade de gênero é mais presente dentro das famílias brasileiras com suas crenças e tradições, do que na sociedade em geral. Algumas mães ainda torcem para seu filho ser homem e sofrer menos. Outras ainda não se dão a chance de recomeçar. Meus avôs não estão mais vivos, e sinto falta deles. Eram bons avôs sim. Mas eram homens de uma sociedade machista. Apesar de terem cuidado e amparado suas mulheres e filhos, seus pensamentos seguiam o padrão.

A luta pela igualde é legítima. É necessária. É urgente. Está atrasada. Eu acredito sim que devemos ensinar nossas meninas a lutarem por tudo que querem, e nossos meninos a respeitar e ver como igual, cada mulher que passar por sua vida.

Avos2

“É mais preciosa do que rubis; nada do que você possa desejar se compara a ela.” – Provérbios 3:15

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