Sheherazade, Villa e o arrasador efeito Haddad

Resolvi escrever esse texto depois da repercussão sobre a entrevista realizada pela Jovem Pan com o prefeito de São Paulo, Fernando Haddad. Não ouço, não vejo e não leio nada sobre a Raquel Sheherazade atualmente, pois cansei de ver uma jornalista que se diz cristã, defender opiniões preconceituosas e discursos de ódio. Também não curto ouvir o Marco Antonio Villa. Acho que quem usa deboche e insinuações como verdades não merece ser formador de opinião. Sou neutra quanto ao Joseval, mas até a posição dele foi, no mínimo, incômoda!

Não sou petista. E deixo isso claro para evitar comentários do tipo. Sou uma pessoa apartidária, que sempre baseia o voto na qualificação pessoal, história política e propostas do candidato, mesmo que não esteja de acordo com algumas visões do partido que esse escolheu. Entendido? Tendo dito isso, afirmo: simpatizo muito com o prefeito Fernando Haddad. Eu não votei nele, mas aprovo a sua administração, com poucas ressalvas.

Agora vamos para a entrevista. Acho que pelas opiniões expostas acima já fica bem claro que comecei a ouvir a conversa realizada no dia 12/02, torcendo para que fossem verdade os comentários que li sobre o prefeito ter dado uma aula para os meus colegas. Comprovado. Vou deixar o link da entrevista e de um texto maravilhoso pra poder te contextualizar bem.

Áudio da entrevista completa

Texto do jornalista Paulo Nogueira no DCM

Eu gosto muitíssimo quando o Haddad lembra as pessoas de que ele é um acadêmico. Não sou contra a eleição do cidadão sem graduação, mas acredito que, para pessoa ser eleita, seria necessário comprovar um bom conhecimento sobre história recente do Brasil, completo domínio sobre o atual sistema político do país e habilidade para debater. O fato do prefeito atender praticamente todos meus requisitos, faz com que eu o respeite muito, apesar das nossas divergências.

Ouvir a firmeza de posicionamento do prefeito Haddad me dá cada vez mais orgulho de ser paulista, apesar dos nosso terríveis problemas. Quando eu digo que os despreparados jornalistas sofreram o efeito Haddad, quero falar sobre o quanto é bom ouvir alguém inteligente defender uma ideia, como ele faz. Não é uma série de acusações ou defensivas chatas que costumamos ver nos políticos comuns. É um discurso inteligente cheio de argumentos que o prefeito apresenta tanto para questões óbvias quanto para as complexas. Eu, francamente, adoraria ver Fernando Haddad conversando com alguém tão articulado quanto ele, mas dono de uma opinião totalmente contrária. Se você tem um áudio ou vídeo de uma conversa assim, por favor compartilhe comigo. Mas ver ele tendo que ensinar duas pessoas que deveriam ter capacidade de adquirir conhecimento prévio sobre assuntos cotidianos, foi alarmante.

Não vou perder tempo falando da Raquel na entrevista, pois ficou bem claro que para a crítica cheia de opinião que costuma ser, estava bem intimidada e consequentemente contida. Mas o Villa mereceu cada resposta bem dada que tomou. Terminar suas frases com insinuações que tentavam (sem sucesso) impor uma opinião sem direito de resposta, é uma atitude impensável para um entrevistador. A dupla me lembrou muito aquelas pessoas que não leem, não se informam e ficam sentados na calçada criticando ao máximo possível qualquer coisa que se mova. É bem fácil fazer isso. Basta ir com a multidão e com as páginas de política rasas do Facebook.

Como jornalista, fiquei chocada com o grau de incapacidade da equipe. Quando eu vou entrevistar alguém, leio sobre a pessoa, vejo os trabalhos que ela realizou e me informo bem sobre o tema que conversaremos. É o mínimo. Se é pra criticar sem argumento nenhum, eu fico em casa no twitter, que funciona muito bem pra esse objetivo. Mas se eu vou falar com a maior autoridade da cidade, para milhares de pessoas ouvirem, a última coisa que tenho o direito de fazer, é insinuar sem argumentos sólidos. E só pra frisar, a revista VEJA não é um argumento sólido para assunto algum.

Para quem quiser ouvir a entrevista, fica um spoiler: será uma montanha russa de emoções. Raiva ao ouvir as perguntas e um alívio delicioso ao ouvir as respostas. Eu garanto que gostaria de sentir orgulho da minha categoria, mas dessa vez foi impossível.

Me considero cada vez mais intolerante à manipulação de informações para favorecer um partido ou qualquer outra coisa. Imagino que equipes inteiras dos maiores veículos de comunicação, deveriam passar por uma reciclagem urgente com pequenos meios de comunicação independente. O problema nunca é expressar ou defender sua opinião, mas sim a falta de capacidade de conseguir ser neutro.

E sabe a qual outra conclusão que essa entrevista me fez chegar? Parece que Sheherazade e Villa já não estão nem aí para própria reputação, contanto que agradem a massa. Não precisam informar, nem esclarecer. Basta agradar. Triste, né? E é mais triste ainda o fato de que tinham tudo para ser formadores de opinião de qualidade, mas não são.

“A sabedoria é a coisa principal; adquire pois a sabedoria, emprega tudo o que possuis na aquisição de entendimento. Exalta-a, e ela te exaltará; e, abraçando-a tu, ela te honrará.” – Provérbios 4:7-8

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