Hoje ao meio dia começa o “tuitaço” da hashtag #emdefesadetodasasfamílias. Consiste em um protesto contra o estatuto da família, então já posso prever alguns colegas cristãos publicando fotos de suas famílias daqui um tempo, defendendo as ideias do estatuto. Mas eu não consigo achar base para algumas coisas, e talvez até precise de ajuda para achar. Se não concordar comigo, por favor, me corrija com alguns argumentos sólidos.
Não entendo porque devemos ser contra a adoção de uma criança por um casal homossexual.
Eu não concordo com o homossexualismo. Eu creio que é pecado, e que não agrada à Deus. Essa é a minha religião. Mas eu também sou contra: alcoolismo, sexo antes (ou fora) do casamento, mentira, idolatria, pornografia, machismo, escravidão e etc. Então partindo dessa linha de raciocínio, devo deduzir que não deve adotar uma criança nenhum homem ou mulher, que bebe, faz sexo sem ser casado com a pessoa, mente, reza para Maria, é machista, compra trabalho escravo ou vê pornografia. Só assim, eu estaria sendo justa de acordo com a minha crença religiosa. Certo?
Mas aí eu pergunto: quem está checando isso? Os perfeitos de acordo com a minha fé? Eu deduzo que por mais perfeito que um casal heterossexual possa ser para alguns, de alguma forma eles acabaram abandonando uma criança. Caso contrário, ela não estaria para adoção. Seja lá quem for que adote uma criança, deve lutar para que a mesma tenha acesso à todos os seus direitos! Entre eles, a liberdade de escolher sua própria religião.
Não entendo a busca por impor o evangelho em forma de lei.
Existem crenças de padrões de vida corretos em várias religiões. A bancada evangélica abraçou uma luta para tentar impor os valores cristãos para cada família brasileira, em forma de lei. Mas ao mesmo tempo em que sou a favor de construir minha vida e minha família pelos valores cristãos, sou totalmente contra os países regidos por leis muçulmanas, que inclusive, limitam a liberdade religiosa dos cristãos. Eu não gostaria por exemplo, que uma bancada adventista tentasse impor suas crenças por meio de leis, afinal, eu gosto de fazer algumas coisas no sábado além de descansar, e vou na igreja aos domingos.
Mas aí eu pergunto: onde está a lógica? Quero que respeitem minha fé mas não quero respeitar a de mais ninguém? Ora… Se eu creio que Jesus veio ao mundo e cumpriu a lei, enquanto pregava e transformava por meio do evangelho, por qual motivo devo abraçar uma luta que nem foi a dele? Jesus Cristo é meu modelo. Ele amou todo mundo, respeitou todo mundo e não foi em Roma exigir uma lei para que todos vendessem tudo o que tinham, e dividissem por igual. Foi a igreja que ensinou isso, por conta própria.
Eu não quero trazer escândalo pra ninguém, mas eu realmente não vejo sentido nessa luta da bancada evangélica. Eu nem vejo sentido na existência de uma bancada evangélica. Na verdade, eu até detesto campanha política que usa “pastor” ou qualquer outro cargo antes do nome. Eu sou evangélica, frequento a igreja, prego a palavra e sou obreira ativa. Não sou só uma maluca, estou expondo a lógica do meu pensamento. Quando postei o texto sobre a legalização do aborto, ouvi duras críticas, mas não argumentos.
Li um texto bem bonito hoje sobre um casal gay que adotou uma criança, e todas as vezes que vejo testemunhos assim sinto uma certa injustiça no meio evangélico, que se diz “contra o pecado e não contra o pecador”, mas releva tantos pecados, como a mentira e a manipulação, mas condena em praça pública outros como o homossexualismo.
Talvez eu esteja errada, mas não vejo Cristo na bancada evangélica.
“Porque no evangelho é revelada a justiça de Deus, uma justiça que do princípio ao fim é pela fé, como está escrito: “O justo viverá pela fé”. Portanto, a ira de Deus é revelada do céu contra toda impiedade e injustiça dos homens que suprimem a verdade pela injustiça, pois o que de Deus se pode conhecer é manifesto entre eles, porque Deus lhes manifestou.” Romanos 1:17-19
“Talvez eu esteja errada, mas não vejo Cristo na bancada evangélica.”
Falou tudo, hein? <3
To contigo! Texto excelente!