O que eu não entendo como cristã – Parte II

O texto de ontem chamado “O que eu não entendo como cristã“, tratou do meu posicionamento quanto a adoção de crianças, por casais de homossexuais. Eu sou a favor sim, e explico meus motivos. Quem é meu amigo no Facebook, viu que o compartilhamento do texto gerou uma discussão, e você pode ler. Está em modo público, aqui.

Eu resolvi escrever a parte dois, pois recebi mensagens incríveis tanto nos comentários que acabei de mencionar, como por telefone, inbox e na Fan Page. Comentários de jornalistas, cristãos, pessoas que já passaram por abrigo, simpatizantes do movimento LGBT e outros. A grande maioria concordando com meu posicionamento, outra parte discordando respeitosamente e outra parte agindo como se eu tivesse deixado de ser cristã.

O texto de hoje, a parte II, tem a intenção de reforçar meus argumentos, mas também de agradecer. Melhor começar agradecendo para acalmar os ânimos. Minha gratidão é destinada aos cristãos inquietos que olham além das tradições, em um país onde o evangelho é ridicularizado dia após dia por seus representantes na mídia, e governantes em um estado supostamente laico. Aos que agradeceram o texto, eu digo: obrigada você. Mesmo não concordando em tudo, conversar com vocês me traz um grande crescimento.

Hoje quero reforçar meus argumentos com base nas crianças que estão para adoção. Entre outras coisas, comentaram comigo que é melhor uma criança permanecer em um abrigo, do que ser adotada por um casal de homossexuais. Sempre digo no blog que não só quero, como preciso que discordem de mim. Mas achei esse comentário em específico, uma indecência.

Eu sei que para nós, cristãos, não é bom pensar que uma criança pode crescer considerando a prática homossexual algo bom. E digo isso com todo respeito. Também não vou achar bom que uma criança cresça em um lar que esteja “ok” com o fato de ela começar sua vida sexual antes de se casar. Mas a pergunta de um milhão de dólares é: como isso pode ser da minha conta?

O meu chamado/responsabilidade é zelar para que essa criança tenha amor, seja de um pai e mãe, avó e mãe, pai e tio, homem, mulher, casal gay, irmãos… não importa. O que eu desejo é que cada criança tenha uma casa para onde voltar depois da escola onde foi matrícula pela pessoa que a assumiu. Quero que ela tenha uma cama quente pra deitar depois de um jantar saudável. Que ela tenha pra quem correr se cair de bicicleta, e no colo de quem chorar quando for desapontada. Como cristã, quero que cada criança do planeta tenha uma mão pra segurar enquanto toma suas vacinas, e que essa pessoa zele por todos os seus direitos. Acima de tudo, toda criança deve ser amada, e não só pelas tias do abrigo que se desdobram para atender toda carência de dezenas meninos e meninas que precisam tanto de um lar. Desejo que ela tenha alguém pra ela. E não, eu não estou NEM AÍ para a orientação sexual dessa pessoa ou para o que eu considero pecado e ela não. O papel dela é amar.

O papel da igreja é alcançar essa criança (e sua família) com o evangelho, e mostrar que Jesus Cristo a ama tanto, mas tanto, que morreu para que ela tivesse direito a vida eterna. O desespero da igreja em impor suas práticas como lei, é a falta de capacidade de levar o evangelho como ele deve ser levado, com boas obras e sinceridade. Sinto um desespero da parte dos radicais, pois parece que Cristo já não é suficiente. Mas deixa eu te falar uma coisa: Ele é! Ele sempre foi! E ele sempre será! Cristo é o suficiente para salvar e ensinar. Ele não precisa de leis. Então aos que estão misturando tudo eu peço pra que por favor parem e vejam a posição que assumiram dentro do evangelho.

Me sinto na obrigação de repetir que você, caro leitor, não precisa concordar comigo. Mas se discordar, pelo amor de Deus me explique onde está a mão de Deus em manter uma criança fora do alcance dos braços de quem pode melhorar a vida dela, por considerar que esse alguém peca. Todos pecamos. Se nenhum pecador pode adotar uma criança, todas elas estão condenadas a  viver em seus abrigos.

A nossa luta está tão longe disso. Eu não vou fazer alguém deixar o pecado privando ele de realizar algo que queira, ou fechando as portas da minha igreja pra quem não segue “o padrão”. Acreditamos que é Deus quem convence o homem, e o nosso papel é levar Deus e falar do pecado, mas refletindo Cristo, e Cristo só se reflete com amor. Deus é amor, e ninguém vai me convencer do contrário.

“…pois a nossa luta não é contra pessoas, mas contra os poderes e autoridades, contra os dominadores deste mundo de trevas, contra as forças espirituais do mal nas regiões celestiais.” – Efésios 6:12

Não entendo como cristã

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