Imagem: Constantin Mutaf / Unsplash
Temos vivido um fenômeno que impressiona muita gente: a impossibilidade de terminar uma conversa. Os motivos são muitos, e vão desde a falta de paciência para dialogar com quem pensa diferente, até a sensação de choque diante de algumas afirmações bem incisivas, mas imprecisas e, por muitas vezes, irreais.
Essa realidade não se encontra em um único lado da tão famosa polarização, mas me parece que surge de forma mais ou menos intensa em todos nós. As nossas reações ruins e vozes alteradas tomaram espaço nos almoços de família, saídas de amigos e sem sombra de dúvida na vida on-line, onde há ainda menos pudor e preocupação com as conversas.
Ouvindo tantas reclamações sobre situações insustentáveis e em dias de distanciamento social, acaba parecendo quase um alívio para alguns a possibilidade de evitar as conversas que surgiriam no almoço de Páscoa ou na viagem do feriado.
Eu sei o quanto fico irritada diante de afirmações incorretas dadas com certeza absoluta e fake news óbvias pulicadas como verdades, mas isso seria fácil de corrigir, se não existisse uma quantidade absurda de desinformação vindo de todos os lados. A coisa ficou tão séria, que nós temos visto muita gente sair em defesa de um áudio de Whatsapp, quando jornalistas profissionais, organizações internacionais e estudos científicos, comprovam algo diferente.
Os nossos parentes e amigos não estão loucos e não são ignorantes. Apesar de eu sentir que algumas pessoas apenas afloraram o egoísmo e mau caráter que esconderam por muito tempo, entendo que a maioria dos casos são de pessoas que foram sugadas para isso. Desinformar é um desserviço, e faz parte de um processo que tem prejudicado demais as relações através de uma manipulação bem estruturada que achou um momento muito oportuno para ser colocada em prática. Um momento de desesperança e cansaço.
Quando eu vejo uma pessoa amorosa defendendo a “arminha com a mão”, ou se alguém com uma história de vida cheia de fé começa a reproduzir discursos de violência e preconceito, e ainda se pessoas formadas passam a negar a ciência, penso que há uma saída, mas não se eu reagir virando as costas para o diálogo, como é mais fácil (e mais lógico) de fazer. Os meus discursos, por mais que eu me esforce, podem estar errados em algum ponto, e eu não quero ser abandonada, mas corrigida. Esse é um exercício desafiador para mim. Me esforçar para o diálogo. Ouvir e falar sobre assuntos que me são importantes, a ponto de cansar os outros com a minha disposição.
Está acabando a sexta-feira da paixão nesse momento, dia em que os cristãos se lembram da dor da crucificação, da perda da esperança e da sensação de “eles não entenderam nada”. Por três dias eles estiveram reclusos e apáticos, mesmo sabendo a verdade. Pior, eles tiveram dúvida, mesmo tendo andado com a verdade e a vida. Eu acredito na justiça social, na não violência, na solidariedade e acima de qualquer coisa, em Cristo. Me recuso a parar de falar.
Que esse tempo possa ser aproveitado por nós para falarmos com amor com quem a gente ama, se não, a gente não ama. Sou super a favor de encerrar relacionamentos tóxicos com pessoas essencialmente violentas, e orar por elas à distância no máximo, mas se posso partilhar um conselho nesses tempos, é para que a gente não desista de levar processos de conscientização para quem a gente sabe que tem um amor imenso no peito. Nós podemos revelar o amor de Cristo.
Por uma Páscoa cheia de milagres à distância na vida de quem a gente ama.
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