Seja a ajuda que os negacionistas precisam

Imagem: Priscilla Du Preez | Unsplash

São tempos difíceis para os sonhadores. – O Fabuloso Destino de Amélie Poulain

Parece que está tão difícil sentar na mesa com alguém e conversar…

É o fim de janeiro, e mesmo sendo um novo ano parece difícil acreditar no novo, afinal seguimos assistindo incontáveis cenas de desrespeito diante de uma crise sanitária sem precedentes, registradas no primeiro mês de 2021. Se era para ser o ano que mostra como aprendemos algo com a pandemia, deu errado.

Como se tornou muito, mas muito difícil mesmo dialogar com boa parte das pessoas que ainda compartilham da postura negacionista do governo federal, achei que esse seria um conteúdo útil, até para eu alinhar melhor minhas ideias, mas de uma forma gentil, algo que estou tendo dificuldade de ser ultimamente.

Abaixo, informações para conversar sobre três temas bem comuns, sem perder a paciência.

Vacina

Quando chegar a sua vez, tome a vacina. Todo mundo sabe que não é obrigatório, mas não é por obrigação, é por cuidado coletivo. Eu me esforcei para achar um conteúdo neutro aqui para indicar, pois por grande infelicidade, além do vírus Covid-19, temos que enfrentar uma devastadora e mortal pandemia de desinformação, que tem feito pessoas boas e inteligentes falarem “não vou tomar vacina da China”, por incrível que pareça! Eu gostei muito do texto publicado pela Revista ABM Saúde, em 5 de janeiro, com o título “Vacinação Covid: esclareça as dúvidas e a importância da vacina“. O conteúdo pode ter chances de furar o bloqueio bolsonarista por não ser de um veículo da grande imprensa, e nem da Globo (que eles tanto odeiam, apesar de ter sido ela e a grande imprensa que colaboraram com o golpe de 2016 que eles tanto amam). O texto conta com a fala da médica infectologista Ceucí Nunes, diretora-geral do Instituto Couto Maia (Icom), e traz esclarecimentos para questionamentos recorrentes como o tempo de produção da vacina, reações em alérgicos e a relevância da imunização coletiva. Não, não é “vacina quem quer”. Para combater a pandemia, precisamos conversar com o maior número de pessoas possível sobre a importância da imunização coletiva.

Fechamento de comércio e aglomerações

Esse tema me deixa bem irritada, então sendo bem objetiva: eu não acho que precisa fechar o comércio e trancar todo mundo em casa até todos serem vacinados. Eu entendo o quão importante foram os lockdowns no início da pandemia, mas infelizmente, na nossa realidade brasileira, isso se mostrou inviável por conta da grande desigualdade social e falta de políticas públicas para os mais pobres. É inviável impedir os mais pobres de trabalharem, ainda mais agora sem o auxílio emergencial. As pessoas sabem disso. O pedido mais comum, e que eu peço também, é para que não aconteçam aglomerações, que se respeite o distanciamento social, o uso de máscaras e limite de público no local. Isso está sendo feito? Não, não está. Tem dúvidas? Acesse o perfil “Brasil fede Covid” no Instagram. Eles estão fazendo um trabalho incrível de denúncia de baladas e aglomerações que acontecem no Brasil todo. Agora, se alguém olhar aquilo e disser que são pobres coitados tentando sobreviver, sinto muito. Contra má fé e hipocrisia não há muito o que se fazer. As contaminações vão diminuir diante de atitudes responsáveis dos comerciantes, o que é muito possível. Realmente entendo que em alguns estados eles estão sendo prejudicados por conta da falta de clareza de um plano nacional que estipula regras simples e suporte financeiro adequado e de longo prazo para que não aconteçam demissões, quando se fizer necessário um lockdown. Há muitas formas de viabilizar isso, mas depende de boa vontade política, o que infelizmente se tornou inviável com o Palácio do Planalto ocupado por um homem imoral.

Bolsonaro

Eu gostaria de expressar toda a minha simpatia com quem convive com pessoas que ainda blindam esse desgraçado presidente. Desgraçado sim. Do latim, alguém sem (DIS) graça (GRAZIA), sendo que “graça” significa virtude, boa vontade. Estou cansada de ser corrigida por aplicar esse termo. Aos cristãos que me cobram cristianismo, deixo claro que a cobrança é não tem lógica. Adoraria que houvesse uma auto avaliação, especialmente quando não abominam de igual maneira, alguém que comete crime de responsabilidade de acordo com a constituição dia após dia por não agir de acordo com o cargo. Abominem quem usa palavrões, violência e o nome de Deus completamente em vão. Se não ficam ofendidos ao ouvirem esse chefe do estado mandar a imprensa enfiar no rabo latas de leite condensado que comprou por 15 milhões de reais ao invés de responder os questionamentos que sempre foram feitos aos presidentes anteriores. Então por favor, não me venha com falso moralismo. Sinto profunda decepção com quem se diz defensor da vida, mas exalta um homem que ri diante de mais de 220 mil mortes, que esbraveja “e daí” para a dor dos brasileiros e que jogou o país na pior colocação de combate à pandemia. Há ainda quem acredite que a imprensa nacional e internacional, os institutos de pesquisa de todo o mundo, todas as organizações de direitos humanos e líderes religiosos sérios estão errados, enquanto o paraquedista é um perseguido por querer salvar o país.

Tendo desabafado isso, defendo que ainda é possível dialogar sobre a realidade da gestão de um governo bolsonarista utilizando os mais de 60 pedidos de impeachment. Em cada documento estão indicados os motivos que justificam a saída do governante, e são questões que muitas vezes não chegam para pessoas que só recebem informações bolsonaristas. Indico particularmente a leitura do recente pedido encaminhado por religiosos, que conta com meu apoio e assinatura. Está disponível na íntegra no site Evangélicos e Católicos Pelo Impeachment, e ainda assinar para apoiar o pedido.

Para você que fica bravo como eu, te convido a ouvir também o podcast Medo e Delírio em Brasília, que traz um retrato bem realista dessa situação horrível na qual estamos com esse sujeito, até que o impeachment saia.

Vamos seguir nessa luta pela verdade e pela vida, ajudando quem precisa e quem pode ser ajudado. Amar o próximo que a gente vê, enquanto a gente vê. Converse com calma, enquanto podemos conversar. E esse conselho, vem primeiro pra mim.

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